Educação Brasileira: Desafios e oportunidades
Emicida, rapper popular brasileiro, refletiu sobre a sociedade brasileira em relação aos assuntos trabalho infantil, racismo, violência doméstica, pandemia e contraste social. Ele comenta que a pandemia e, consequentemente, a quarentena em que estamos vivendo evidenciam ainda mais a desigualdade racial e socioeconômica (que vêm de mãos dadas), trazendo à discussão os extensos problemas estruturais que necessitam de uma solução urgente. Emicida enfatiza que a pandemia não deve marcar o momento em que a gente está aprendendo a se entender como humanos e como ajudar e tratar os outros, pois “as mudanças que a gente precisa não estão necessariamente ligadas à corona”. Dessa maneira, “a gente está vivendo um paradoxo triste”, visto que, ao mesmo tempo em que estamos enfrentando um vírus rapidamente contagioso, o que é extremamente letal são os abismos sociais que a nossa sociedade produziu e finge que não existem. Esta pandemia destaca a necessidade de melhorar as condições socioeconômicas de muitos, pois “todas as pessoas estão sujeitas a se contaminar com o COVID-19, mas nem todas as pessoas podem se tratar após se contaminar”.
Com o objetivo de mitigar os efeitos econômicos e as desigualdades sociais apenas evidenciadas pela pandemia, a educação é uma arma poderosa. Ou seja, ao aumentar o acesso à educação, a pobreza pode ser reduzida. A educação é um direito fundamental que ajuda não só no desenvolvimento de um país, mas também de cada indivíduo. Sua importância vai além do aumento da renda individual ou das chances de obter um emprego. Por meio da educação, garantimos nosso desenvolvimento social, econômico e cultural. Podemos destacar um aspecto extenso e profundo da educação entre vários outros: o combate à pobreza. A escola é a principal porta de acesso para esse conhecimento, sobretudo o que a humanidade já produziu, já pensou e já entendeu sobre a vida. São nos anos iniciais da escolaridade que começamos a participar do processo de nos tornar cidadãos e cidadãs e, por conseguinte, reconhecer as responsabilidades perante a sociedade. O direito à educação de qualidade é básico porque assegura o cumprimento de outros direitos como o direito ao voto. Portanto, podemos considerar que a educação serve como uma base sólida, pois ela representa o indivíduo como um todo, além de um ser ativo social e político.
O direito à educação inclui vários outros assuntos, como igualdade socioeconômica. Uma forma de lidarmos com problemas que vivenciamos é entender e propor soluções para os principais dilemas enfrentados pela educação no Brasil. Contudo, temos como objetivo “garantir uma educação de qualidade inclusiva e equitativa e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos”.
Assim, qual é a situação do sistema educacional brasileiro?
Em 2013, um estudo realizado pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), demonstrou que entre 65 países avaliados pelo o Brasil ocupa o 53º lugar em educação, com 731 mil crianças fora da escola, mesmo com um programa social que incentivou 98% das matrículas de crianças entre 6 e 12 anos. Atualmente, estudo da UNICEF, com dados do IBGE, mostra que o Brasil tem em torno de 1,4 milhão de crianças fora da escola, 2% acima da média nacional de 2019. Além disso, devido à pandemia global, 5,5 milhões de crianças e adolescentes brasileiras não tiveram atividades escolares em 2020.
De acordo com o relatório elaborado pelo UNICEF, ‘Pobreza na Infância e na Adolescência’, mais de 20% de jovens entre 4 e 17 anos têm o direito à educação violado. Por um lado, 13,8% dos brasileiros nessa faixa etária estão em privação intermediária, pois são analfabetos ou estão em atraso escolar mesmo frequentando a escola. Por outro, 6,5% estão fora da escola, deixando-os em privação extrema.
Os desafios que a educação brasileira enfrenta no geral podem ser classificados em internos e externos. O primeiro se refere à estrutura do sistema educacional em si, ou seja, programas, recursos, agentes e o papel do governo. Os desafios externos dizem respeito às questões socioeconômicas, associados diretamente ao acesso ao ambiente escolar e à desigualdade de oportunidades de aprendizagem.
Ítalo Dutra, o chefe de educação do Unicef no Brasil, considera que existe no país “uma naturalização do fracasso escolar”. Portanto, como nós, alunos da Graded, podemos ajudar?
Existem vários projetos oferecidos pela Graded que procuram criar oportunidades para o desenvolvimento da comunidade brasileira na área da educação. Ao mesmo tempo, esses projetos desenvolvem os próprios alunos Graded. Duas atividades extracurriculares que visam melhorar as oportunidades de outros e diminuir aquela lacuna socioeconômica e se esforçam para tornar a Graded um lugar mais inclusivo em nossa comunidade são: 2.2 by 22 ‘e Graded Beyond Boundaries.
Criada por Marina Senderos (Class of 22’), a meta da iniciativa 2.2 by ‘22 é doar uma bolsa integral a um custo de R $2.200.000 para o Programa Escolar da Graded até o ano de 2022”. Esse projeto acredita que a diversidade socioeconômica é crucial para desenvolver empatia e ajudar os alunos a ter um impacto duradouro na sociedade, por ter alunos que não são apenas diversificados em nacionalidade, religião, cultura, mas também com origens socioeconômicas. Com isso, todos os alunos da Graded serão capazes de obter perspectivas mais amplas e holísticas do mundo e promover empatia. A razão pela qual a 2.2 está tão comprometida em arrecadar R $2,2 milhões não é apenas porque isso tornará os alunos da Graded mais empáticos. A maioria dos brasileiros não têm as oportunidades que os alunos da Graded têm, devido aos desafios internos e externos citados anteriormente. Assim, esse projeto visa enfrentar as desigualdades socioeconômicas no Brasil e oferecer a seus alunos perspectivas de mundo que fomentem a empatia.
A Graded Beyond Boundaries tem como objetivo propor que alunos e professores Graded observem o abismo socioeconômico, mas, ao mesmo tempo, que não fiquem de braços cruzados. Ou seja, começamos a ver e a entender a realidade e as condições péssimas que as escolas públicas enfrentam e, ao mesmo tempo, a encarar o problema envolvendo e tentando fazer uma mudança por meio do peer work, entre pessoas da mesma idade que o programa oferece essa oportunidade de mudança. Segundo a professora Maggie Moraes, que trabalha com esse projeto, por meio desse comprometimento semanal, podemos servir de apoio e de força motivadora para alunos de escolas públicas brasileiras, ao mesmo tempo em que criamos amizade e um relacionamento com eles. Graded Beyond Boundaries consiste-se, assim, de uma criação de vínculo entre alunos, apoio nas tarefas, incentivo e cobrança, acompanhamento da produtividade e suporte na organização do tempo.
Poucas pessoas têm a capacidade de revolucionar o sistema educacional brasileiro; porém, podemos trabalhar juntos dando pequenos passos para melhorar a situação da nossa comunidade. Por isso, utilizamos diferentes meios para atingir o mesmo objetivo: melhorar a situação socioeconômica e da sociedade brasileira, abrir os alunos da Graded a novas perspectivas e promover empatia. Como afirmado por Maggie, esses dois projetos farão “um pequeno impacto, porém importante, nas vidas de vários jovens de escolas públicas no Brasil.”
Em virtude dos fatos mencionados, o acesso à educação de qualidade é direito fundamental para o desenvolvimento da cidadania e ampliação da democracia. Para garantir esse direito, todos devemos trabalhar juntos para fazer com que todos os membros da sociedade tenham as mesmas oportunidades para prosperar, através de projetos de serviço comunitário e investimentos públicos na educação. Portanto, a fim de reduzir o ciclo de pobreza e promover o crescimento econômico, é necessário aumentar o acesso aos direitos fundamentais da população.
Eva is in her senior year at Graded and is extremely excited to be part of The Talon team for the second time! She is going to be a writer and editor in...