O Imperialismo do Século XXI
Durante a semana das viagens de CWW, tive a oportunidade de ir a Belém, a capital do estado do Pará, no norte do país. A região Norte é conhecida por ser ocupada pela Floresta Amazônica e é uma das regiões mais pobres ou, como dizem muitos, “subdesenvolvidas” do país. Quando entrei no avião, identidade na mão e com um sorriso no rosto, achei que lá iria testemunhar os problemas socioeconômicos sofridos pela população paraense e voltar a São Paulo cheia de ideias e de motivação para ajudar a resolvê-los; talvez, até ter alguma iniciativa para começar um projeto. Mas, quando voltei pra casa, a última coisa que estava na minha cabeça era a noção de que os moradores dessa região precisavam de ajuda.
Nós, paulistas, crescemos rodeados de arranha-céus, rodovias, marginais, shopping-centers, etc. Temos acesso ao saneamento básico, à internet, à eletricidade, ao ar-condicionado, a roupas importadas, a máquinas e a eletrônicos que prometem facilitar nossas vidas. Quando pensamos em regiões ou países subdesenvolvidos, onde metade da população mora em casas feitas de madeira, sem ar-condicionado, pensamos: “Que horror! Coitadas das pessoas que vivem num lugar assim. Deveríamos doar dinheiro para ajudá-las a se desenvolver.” E aí começam as campanhas, os projetos…todas as iniciativas para melhorar a vida do coitadinho que não tem acesso à pizza aos domingos.
Mas, aí que vem a questão: O que é o desenvolvimento? É garantir que todas as comunidades do mundo possuam as mesmas características que cidades como São Paulo e Nova Iorque? Garantir que, ao invés de mercados, tenham shopping-centers? Que ao invés de filhote e pirarucu, comam salmão e kani? Isso seria desenvolvimento? Para mim, parece uma visão imperialista em que nós, os “desenvolvidos”, praticamos o mesmo papel que os ingleses com os indianos e os americanos com os filipinos. Acreditamos que o nosso modelo de vida é o superior e o certo e, a partir disso, nos convencemos do dever de implementá-lo em regiões “subdesenvolvidas” para que elas possam prosperar. No entanto, quem perguntou aos filipinos o que eles achavam da vida dos americanos? Quem disse que os indianos eram a favor de serem anexados ao império inglês? Quem somos nós para dizer o que uma determinada comunidade precisa para prosperar?
O desenvolvimento é, então, uma palavra bastante relativa. Se você perguntar a um chinês o que significa o desenvolvimento, certamente ele terá uma resposta diferente da sua. Por isso, quando buscamos ajudar ao outro, um que consideramos menos privilegiado, é fundamental que a ele perguntemos do que precisa ao invés de tentar determiná-lo nós mesmos.
O “subdesenvolvimento” não é sinônimo de tristeza ou de má qualidade de vida. Uma sociedade indígena, por exemplo, é considerada subdesenvolvida. No entanto, seus habitantes são felizes e dedicam suas vidas para a disseminação e o fortalecimento de sua cultura local, uma que não inclui idas para o Marrocos e sessões de filmes no Netflix, mas danças folclóricas e outras tradições. Não cabe a nós, nem a ninguém, obrigá-los a viverem da nossa maneira.
Está na hora de deixarmos para trás esta visão retrógrada. Por mais que existam coisas fundamentais para a prosperidade de uma população como saneamento básico e educação, há outras, como academias, que não. Quando queremos ajudar comunidades com menos recursos econômicos, é preciso conhecê-las e entendê-las, para que elas nos digam do que precisam.
During her third and final year on The Talon, Gabi continues to believe in living life intensely. Frequently described as “crazy” she seeks adventures...