PT: suicídio ou assassinato?
Após as eleições municipais, é hora de fazer uma avaliação a respeito do fim da hegemonia petista e motivo da sua pseudo queda.
Apesar da polarização (ainda que enfraquecida) existente no Brasil, a vida política, social e econômica não se constitui de binários. A dicotomia entre esquerda e direita ofuscou a verdadeira face heterogênea da política. A ascensão e declínio do Partido dos Trabalhadores nada mais é que a prova de que a democracia tem memória curta e é imperdoável, implacável e imediatista.
Luis Fernando Veríssimo indagou: Se é verdade que o PT morreu, uma tarefa para as futuras gerações será descobrir se foi suicídio ou assassinato? Antes mesmo de a pergunta vir à tona, cabe a reflexão: o resultado das eleições municipais evidenciam uma irrefragável derrota do partido, mas não sua extinção.
Surgindo como um epílogo do impeachment, o desgaste institucional e ético que escândalos de corrupção como a Operação Lava Jato, a má governança e a crise econômica acarretaram respostas eleitorais. A voz do esgotamento “contra tudo que aí está” foi ouvida nas urnas para Prefeito e Vereador no último dia 2, em uma até possível leitura de efusão da angústia do eleitorado perante os governantes.
De 630 prefeituras governadas pelo partido, antes, apenas 256 permaneceram. A retração administrativa de 59,4% foi, inegavelmente, um abalo sísmico na soberania reinante do Estado PT; mas, terremotos são passageiros e o solo destruído se fertilizará. Como ideário, o petismo sofreu um golpe no estômago. Alguns líderes estão corroídos, outros nomes se tornaram inconcebíveis, mas o sistema – de governo e de pensamento – continua firme e forte.
O PT tem uma casta dirigente corrupta. Mas tem, também, enraizamento social e popular. Representa muita gente. É disso que trata a política, afinal.
Após as eleições municipais, notei que colegas denominados petistas e apoiadores incondicionais do partido se mostraram tétricos devido ao fim do ciclo governamental. Juntamente com a lamentação, li muitas constatações sobre como os sucessivos golpes de Michel Temer, da direita, da “mídia golpista” e das elites obtiveram êxito. As conspirações então elegeram as outras 374 prefeituras? É nisso em que a democracia se baseia?
É evidente que o eleitor tende a epitomar suas agonias em algum bode expiatório. Sempre há um culpado para a miséria que afronta o país. Isso não se limita aos pólos políticos tucano e petista (apesar de não serem tão distantes assim), nem ao Brasil. Decerto, existe um abismo entre o que é ideal e onde o país se encontra. MAS, é uma leviandade a Direita e a Esquerda constatarem que a Lava Jato decidiu a cor das eleições.
Seria muita ingenuidade tanto do eleitorado quanto dos governantes achar que os problemas do Brasil se resumem em uma pessoa, em um partido, sem jamais fazer uma mea-culpa e reconhecer, de fato, que o problema pode estender-se a múltiplos fatores que evidenciam uma estrutura de governo retrógrada. Talvez seja nesse mérito de autocrítica que o PT pecou.
Voltemos no túnel do tempo para o PT pautado no socialismo radical, que inclusive votou contra a Constituição de 1988 por crer que o documento favorecia apenas a elite brasileira, condicionando os mais pobres à subserviência e à miséria. Mas, após várias derrotas – O partido mudou e amadureceu.
A corrente orquestrada por Lula, em 2000, modificou sua retórica e sua política. Em 2002, Lula escreveu uma Carta ao Povo Brasileiro em que se comprometeu a “respeitar os contratos”, “combater a inflação” e “preservar o superávit primário o quanto for necessário para impedir que a dívida interna aumente e destrua a confiança na capacidade do governo de honrar os seus compromissos”. A hegemonia do PT foi resultado não de suas propostas, mas, sim, do reconhecimento e da necessidade de se reinventar em prol do progresso.
Talvez seja hora, mais uma vez, não apenas do PT, mas de todos os partidos, se reestruturarem e redefinirem a antiquada política no Brasil. Afinal, não será um caminho de divergência que atingirá o caminho do progresso dentre as instituições e governanças brasileiras. Mas, sobretudo, um trilho de convergência fundamentada no diálogo e na autocrítica efetiva.
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In her second year on The Talon, Paula, now a senior, assumes her position as the Head Artist (she gets a fancy new assistant! perks!). Paula hopes that...