Alckmin: O vencedor das eleições municipais

Credits: Marcelo Motta

Com o término das eleições municipais em São Paulo, com a vitória acachapante de João Doria no primeiro turno, é nítido o sentimento de derrota de diversos candidatos e legendas ao longo da cidade e Estado. A síntese da eleição mostra uma perda de força significativa do Partido dos Trabalhadores e o ápice do PSDB, partido que vive polarizado pela briga política em busca da nomeação presidencial apostou caro e, alguns, como o governador Alckmin, largaram na frente na corrida a 2018.

Desde o momento da pré-candidatura do prefeito eleito, o seu “guru” ou patrocinador dentro da sigla sempre foi Alckmin. Muito contestado por trazer um empresário para o meio político, o governador bancou a candidatura de Dória para a prefeitura. Foi este patrocínio que realçou a crise interna do PSDB, pois a maioria da cúpula tucana apoiava o vereador Andrea Matarazzo para o cargo, quando, no braço de ferro pela nomeação, até com acusações de uso indevido da máquina pública, o governador apoiou o empresário contra todas as variáveis.

O governador, com a gestão um tanto quanto contestada, acertou em cheio: Doria levou a disputa com mais de 53% dos votos válidos na cidade, sendo o primeiro a vencer em primeiro turno na cidade, desde a adoção da possibilidade de dois turnos. Conseguindo devolver o poder executivo da cidade a um tucano após uma década, Alckmin ganhou gordura na disputa para 2018 e, mais importante: conseguiu vender a ideia do candidato com ampla margem de diferença. Doria chega a prefeitura após começar a campanha com 5% e tem muito a agradecer seu padrinho, pois colocou seu nome em jogo na manobra; melhor ainda, Alckmin viu os seus adversários internos amargarem com seus aprendizes nas respectivas cidades.

Aécio Neves é padrinho de João Leite (PSDB-MG), que passou para o segundo turno com resultados de pouca expressão. José Serra, que apoiava Andrea Matarazzo, mal chegou à candidatura e perdeu para Alckmin no braço de ferro da política. Considerado a terceira força do PSDB, Alckmin provou poder e vem a passos largos para ameaçar a candidatura do tucano, Aécio Neves, que ainda tem a Lava Jato nas costas, para a presidência. Ainda se leva em consideração Marta, apoiada pelo presidente Michel Temer, que terminou em quarto em São Paulo. Por outro lado, em outro espectro político, o candidato de Cid e Ciro Gomes, Roberto Claudio do PDT, passou tranquilamente com 40% dos votos para o segundo turno de Fortaleza.

Ainda estaria por definir o representante do Partido dos Trabalhadores, mas o cenário se apresenta com Ciro Gomes e Alckmin ou Aécio. O jornalista Vinicius Mota, crítico da eleição de Doria, disse: “Pela terceira vez desde a redemocratização, os eleitores de São Paulo colocaram na prefeitura um candidato sacado da cartola de um oligarca partidário.”  

Entre os derrotados da eleição estão o PT, que detinha 72 prefeituras ao todo no estado de São Paulo, ficou com 8 apenas. Isso sem levar em consideração que Fernando Haddad obteve resultado pífio se considerar que ele detém a máquina pública. Haddad não venceu em setor eleitoral algum, até naqueles em que o prefeito proclamava ter tido melhorias de vida; assim confirmando uma espécie de antipetismo explícito, agora, até, na periferia. Celso Russomano repetiu a campanha de quatro anos atrás e foi novamente de líder de intenção de votos a derrotado no primeiro turno, desta vez de modo estarrecedor por Doria.

Em soma, Doria derrotou com méritos a seus adversários e se torna o primeiro prefeito eleito no primeiro turno em São Paulo, mas deve e muito a ascensão política ao seu padrinho Geraldo Alckmin, cuja aposta arriscadíssima rendeu frutos positivos ao partido e, assim, o recolocou na disputa ao Palácio do Planalto em 2018.