Olha o nível
São Paulo vem vivendo a pior crise hídrica de sua história. A chuva não chega e os paulistanos já tiveram de se contentar com 3,9% da Cantareira. Atualmente, o nível já subiu para 14,5%, mas ainda opera no volume morto. A principal questão que indaga qualquer um é: quem é o culpado por tudo isso?
Até hoje, os paulistanos não sabem administrar seus recursos de forma eficiente. A cidade de São Paulo é conhecido pelo grande volume de chuvas ao longo do ano e, por isso, a água não recebe o devido valor. Com uma seca como a que ocorreu ano passado, o comportamento do cidadão teve de mudar drasticamente. De certa forma, a crise teve um impacto positivo na vida dos paulistanos, já que os ensinou a valorizar os recursos hídricos e como usar uma quantidade razoável de água. Porém, quem precisa aprender a economizar agora é a Sabesp.
Estima-se que, hoje, cerca de 24% da água de São Paulo se perde no caminho entre a represa e a casa, uma quantidade que provavelmente seria suficiente para tirar nossos reservatórios da seca. A má administração dos recursos da cidade levou à escassez, como apontou Leonardo Sakamoto em Outubro do ano passado: “O governo de São Paulo não fez as obras necessárias para aumentar a capacidade de armazenamento de água, negou-se a racionar por conta das eleições e, o pior, debater o assunto abertamente.” É importante constatar que o governo paulista só reconheceu a existência de uma crise hídrica quando o governador Geraldo Alckmin (PSDB) foi reeleito. E é uma hipótese que o racionamento não aconteceu ano passado devido às eleições. O governo estadual queria mostrar à população que a situação estava ‘sob controle’ quando não racionou água, uma decisão que diminuiu ainda mais os níveis dos reservatórios.
Não acredito que a cidade de São Paulo precisasse passar por uma crise para mudar seu comportamento. Agora que a possibilidade de ficarmos sem água parece tão real, o comportamento do paulistano mudou inevitavelmente. O governo do Estado tinha o poder de ter evitado uma crise. Não o fez. Agora, precisa conscientizar mais a população, ensinando-a como administrar a água e outros recursos essenciais, como gás e eletricidade, para garantir a normalidade da vida de um cidadão. Caso uma campanha de conscientização seja bem feita, a população entenderá o verdadeiro valor da água, mudando seu comportamento cotidiano a fim de não gastá-la. Possivelmente, depois disso, a população, assim como o governo, possam evitar futuras crises hídricas. O atual volume de 14,5% só representa a água guardada no volume morto, o que significa que o volume real da Cantareira é 0%. Ou seja, ainda tem muita água para cair para encher os reservatórios.
Luiz Felipe is one of the columnists of The Talon. This is his first year writing for the magazine, and he hopes to find a variety of stories to talk about....